ABREFEN participa efetivamente da construção de agenda para mais sustentabilidade na agricultura.
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Em fevereiro deste ano, o governo federal criou a Câmara Temática de Agrocarbono Sustentável, com o objetivo de debater políticas públicas que promovam a produção sustentável aliada à conservação ambiental. Atuando como um órgão auxiliar do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Câmara facilita o diálogo entre os setores públicos e privados, sendo parte do Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA).
A Câmara conta com a participação de 75 entidades dos setores público e privado e é organizada em quatro Grupos de Trabalho (GTs), que buscam desenvolver estratégias que posicionem o Brasil de forma competitiva e responsável no mercado internacional, que são GT taxonomia, GT Rastreabilidade, GT Mercado de Carbono, e GT Investidores.
Para o presidente da Câmara, Eduardo Bastos, ela surge em um momento crucial para o agronegócio brasileiro, buscando posicionar o setor como protagonista nas discussões globais sobre carbono. “As câmaras temáticas são de grande importância, pois oferecem um ambiente de escuta ativa, onde informações e experiências são trocadas de forma eficiente. E a Câmara Agrocarbono se destaca por sua capacidade de transcender os limites de culturas específicas ou setores, abordando questões transversais que afetam todo o agro, como a sustentabilidade e o papel do carbono no futuro do país”, explica Bastos.
Desde a criação da Câmara Agrocarbono, a ABREFEN participa ativamente das reuniões. Ao lado de outras 60 associações, a entidade tem a responsabilidade de levar as demandas de seus associados, promover o diálogo com o governo e trabalhar para estabelecer uma regulamentação clara que atenda às necessidades do setor.
Para o diretor da entidade, Welington Dal Bem, essa participação coloca a ABREFEN como protagonista nos debates e oferece a possibilidade de ampliar as discussões, esclarecendo pontos que são imprescindíveis para o setor de Remineralizadores de Solos (REM) e Fertilizantes Naturais (FN). “Temos constatado um desconhecimento, por parte de muitos participantes, em relação ao que realmente é relevante para o mercado de crédito de carbono. Muitas propostas apresentadas não consideram, por exemplo, o potencial de sequestro de carbono das rochas silicáticas, deixando inicialmente de fora uma grande oportunidade que vem sendo pesquisada pelo mundo e destacando o Brasil como pais de maior potencial para esta tecnologia. Entendemos que o caminho para questões sustentáveis relacionadas ao carbono ocorra pela adoção da Agricultura Regenerativa Tropical (ART), por isso a importância da participação ativa da ABREFEN, colocando em evidência o uso dos REM e FN como pilar para atingirmos a agricultura de baixo carbono necessária para o país”, defende o diretor.
Protagonismo dos REM e FN
“Nossa presença na Câmara não é apenas simbólica”, explica Frederico Bernardez, presidente da ABREFEN. “Estamos ativamente moldando políticas, defendendo os interesses do setor de REM e FN e contribuindo para que o Brasil se torne líder mundial em agricultura de baixo carbono.” Com essa visão, a participação da ABREFEN na Câmara Agrocarbono Sustentável coloca a entidade na linha de frente dos trabalhos, por meio do fomento a pesquisas inovadoras e apoio na regulamentação de leis que impulsionem o crescimento deste setor.
Dessa forma, a participação ativa da ABREFEN nos Grupos de Trabalho tem potencial para influenciar positivamente as decisões da Câmara. Além disso, a interlocução com os diversos setores do agronegócio e do meio ambiente, todos representados, pode promover benefícios futuros, tanto para o agronegócio quanto para a sociedade brasileira. “Por meio dos trabalhos na Câmara, os produtores de REM e FN podem se beneficiar de um melhor entendimento dos vários segmentos que compõem essas cadeias, com acesso a investimentos nacionais e internacionais, além de políticas públicas que, conforme previsto, serão renovadas para fortalecer os setores”, explica Welington Dal Bem. Ainda sobre regulamentação, o diretor explica que a expectativa é que esse assunto evolua para um modelo que permita a ampla implementação da Agricultura Regenerativa e o reconhecimento de serviços ecossistêmicos decorrentes dela. “Isso incluiria uma conceituação clara e processos rastreáveis, culminando na organização de cadeias produtivas de valor, bem como de cadeias de investimentos”, complementa.
Ao passo que permite maior adesão do mercado aos princípios da Agricultura Regenerativa Tropical, o envolvimento da ABREFEN nessa plataforma visa contribuir para a superação das metas estabelecidas nos marcos temporais do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), a maior referência atual para o setor do agro, beneficiando não apenas os agricultores, mas toda a sociedade por permitir a produção de alimentos de maior valor nutricional e um meio ambiente mais equilibrado.
Além disso, a associação está atuando de forma dinâmica para demonstrar o potencial dos REM e FN no sequestro de carbono e na defesa da agricultura brasileira como força no combate às mudanças climáticas. “Nossa missão vai além da produtividade”, afirma Frederico Bernardez. “Estamos promovendo a produção de insumos para uma agricultura que não apenas alimenta o mundo, mas também protege e regenera nosso planeta.”
A Agricultura Regenerativa Tropical e a convergência com os REM e FN
A Agricultura Regenerativa Tropical (ART) é uma abordagem de cultivo que tem como princípio a recuperação do ecossistema produtivo, visando modificar, de forma positiva, as características do solo, a produção e toda a cadeia que a envolve, como a redução de resíduos, o sequestro de carbono e os impactos sociais decorrentes desse processo. A ART combina o uso estratégico de insumos como os REM, FN, plantas de cobertura e biológicos com a rotação de culturas, recuperação de pastagens e a integração da lavoura com a pecuária e a floresta como uma forma de gestão integrada da paisagem local.
Uma das características marcantes da Agricultura Regenerativa Tropical (ART) é a do desenvolvimento sustentável local através de cadeias produtivas regionais. Esta abordagem reduz custos e aumenta a produtividade, gerando maiores margens de lucro para os agricultores. O excedente de capital aliado à resiliência da produção reduz riscos para o agricultor e impulsiona investimentos locais, que podem ser em equipamentos mais eficientes, conhecimento, infraestrutura, e outros, criando um ciclo virtuoso de prosperidade regional. A ART, através das soluções regionais, não só melhora a qualidade de vida nas comunidades rurais, mas também contribui para a mitigação das mudanças climáticas e preservação da biodiversidade. Este modelo se alinha perfeitamente com a produção de REM e FN, que têm potencial de serem produzidos próximos às zonas agrícolas devido à ocorrência geológica favorável do Brasil, reforçando ainda mais o caráter regional e sustentável da ART.
Dentro desse contexto, os REM e FN se configuram como um dos pilares fundamentais da ART, por seus benefícios multifacetados, como a melhoria da fertilidade do solo, aumento da capacidade de retenção de água, promoção da biodiversidade microbiana e fortalecimento da estrutura do solo. Como consequência, o uso dos REM e FN contribuem para maior resiliência das culturas que se tornam, com o tempo, não apenas mais resistentes a pragas e doenças, mas também capazes de enfrentar as crescentes variações climáticas que desafiam a agricultura moderna.
Dentro dos Grupos de Trabalho, a ABREFEN está fazendo importantes contribuições em quatro áreas críticas:
- Taxonomia do Agro: definição de padrões para a cadeia emergente dos REM e FN no Brasil. O trabalho da entidade está estabelecendo critérios claros para classificar os tipos de REM e FN, considerando aspectos químicos e mineralógicos que refletem na eficiência agronômica de cada grupo de produto. Isso criará uma base sólida para o reconhecimento global das práticas agrícolas sustentáveis brasileiras baseadas nesse tipo de insumo.
- Metrificação de Carbono: incentivando pesquisas sobre o potencial de sequestro de carbono dos REM, a ABREFEN está apoiando o desenvolvimento de metodologias para medir e verificar o sequestro de carbono com diferentes tipos de insumos, em diferentes tipos de solo e culturas. Este trabalho é fundamental para estabelecer a base científica necessária para futuras políticas de crédito de carbono no setor agrícola, potencialmente abrindo novas fontes de receita para os agricultores.
- Rastreabilidade: a associação está apoiando o desenvolvimento de sistemas para garantir a qualidade e origem dos REM. Estes protocolos de rastreabilidade não apenas asseguram a qualidade dos produtos, mas também facilitam a certificação de práticas agrícolas sustentáveis, agregando valor aos produtos finais e abrindo portas para mercados internacionais exigentes.
- Atração de Investimentos: a ABREFEN está elaborando propostas para linhas de crédito específicas de fomento à produção de insumos e aquisição dos mesmos pelos produtores rurais. Este trabalho é crucial para incentivar a transição para práticas agrícolas mais sustentáveis, proporcionando o suporte financeiro necessário para os agricultores que adotam a agricultura regenerativa com uso de REM e FN.
Em consonância com as demandas por formulação de políticas e ampliação da visibilidade dos REM e FN no mercado, a presença da ABREFEN nos trabalhos da Câmara é de suma importância, visto que ela se traduz em um espaço que discute o futuro da agricultura brasileira. E dessa forma é imprescindível assegurar que as necessidades do setor de Remineralizadores de Solo e Fertilizantes Naturais sejam devidamente contempladas, ao mesmo tempo em que posicionem o Brasil para a liderança global da inovação no setor de fertilizantes.
“Estamos na dianteira de uma nova era para o agronegócio brasileiro. Uma era em que cada hectare cultivado não apenas alimenta o mundo, mas também protege nosso planeta. E a ABREFEN está apontando o caminho, trabalhando incansavelmente para tornar essa visão uma realidade”, conclui Bernardez.
Fotos: Arquivos Abrefen