Conheça o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), cuja missão é melhorar o ambiente de produção e a vida do agricultor usando técnicas regenerativas.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a agricultura brasileira tem avançado de forma segura rumo à sustentabilidade ao longo das últimas décadas, apostando nas mudanças do mercado e na adoção de novas tecnologias e práticas no campo. Por outro lado, os dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostram que o Brasil ainda é o quarto consumidor global de fertilizantes em uma dependência externa que chegava a 85% em 2021. Quando o assunto é agronegócio, aliar o desenvolvimento da soberania nacional com base em modelos sustentáveis é desafiador, sobretudo para a complexidade do setor no Brasil.
O apoio de entidades e grupos interessados no avanço dessa agricultura tem sido uma força motriz para que o país alcance anualmente, melhores posições nesse ranking. Nesta edição da Revista Novo Solo, vamos conhecer a história e os valores da instituição que representa oficialmente agricultores, técnicos, consultores, empresas e pesquisadores, envolvidos com a agricultura sustentável: o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), zela pela prática de um modelo sustentável de agricultura regenerativa, cujo foco é ajudar os produtores rurais na obtenção de independência, rentabilidade e eficiência produtiva.
O grupo surgiu há mais de 10 anos, fruto da reunião de vários agricultores que tinham em comum a necessidade de reduzir os seus custos de produção. Aos poucos, foram descobrindo que, por meio de uma série de práticas, era possível alcançar esse objetivo até mesmo aumentando a qualidade dos manejos agrícolas. O grupo foi formalizado há cinco anos, e estruturado de forma profissional, com uma equipe de suporte e construiu legitimidade para participar das discussões de políticas públicas, bem como para ter representatividade junto aos diversos segmentos da sociedade.
Valores
Desde então, a instituição trabalha alinhada aos parâmetros mundiais de agricultura sustentável, acreditando que é possível ter uma agricultura menos ofensiva à condição ambiental em termos de solo, água e biodiversidade, e ao mesmo tempo, ter uma menor dependência do ponto de vista produtivo do agricultor. Hoje, o GAAS conta com 730 associados e 3.000 participantes indiretos distribuídos por todo o Brasil. A maior porcentagem está localizada na região Centro-Oeste do país (36,5%) seguida do Sul (23,9%) e Sudeste (23,7%).
“O que o GAAS busca construir com identidade, respeitando as características brasileiras, são práticas regenerativas e sustentáveis de produção de alimentos, fibras e energia que possam melhorar os índices de competitividade do agricultor, de independência e autonomia com uma enorme vantagem para os contextos regionais. Ressalto que essas bases de produção sustentáveis não são exclusivas da agricultura intensiva e extensiva, mas independem do tamanho de propriedade e do tipo de cultura. Principalmente em nosso contexto tropical, pode ser adotada pelas culturas anuais, perenes e semi perenes”, defende o presidente do grupo, Eduardo Martins.
No momento em que o agricultor entra em contato com o GAAS, ele é orientado a buscar equacionar suas necessidades de serviços e insumos em seu contexto regional. Além disso, a entidade oferece aos associados compartilhamento de informação respaldada pela pesquisa científica e em diálogo com a realidade do agricultor, considerando-o parceiro para o desenvolvimento de tecnologias e para a resolução dos desafios. A instituição também trabalha na divulgação do conhecimento por meio de eventos regionais, nacionais e internacionais, com capacitação dos produtores, na forma de treinamentos específicos e de cursos orientados para práticas e técnicas agrícolas.
Todas essas ações refletem o comprometimento da entidade ao abraçar as dificuldades do agricultor, o que para o presidente é um dos principais focos de trabalho. “Nós estamos preocupados tanto com o que acontece a montante, sendo as necessidades do agricultor em relação a insumos, aos serviços e equipamentos, quanto em como se ajustar a essas práticas conforme a realidade de cada um. Também estamos atentos ao que está a jusante do agricultor, principalmente na qualificação da sua produção e no entendimento, dentro do mercado, de como essa pode se diferenciar cada vez mais”, ressalta o presidente.
Diante dessas tarefas, a entidade tem se deparado com desafios em vários níveis. Eduardo Martins conta que o maior deles é lidar com um paradigma novo.
“A agricultura sustentável, como está sendo feita, é um novo paradigma tanto na contracorrente do convencional, quanto com relação às chamadas agriculturas alternativas. O conhecimento científico mostra diariamente, que o manejo em intensidades e dosagens desproporcionais de insumos convencionais, fertilizantes solúveis, industriais e pesticidas têm sido maléficos para as produções. Entretanto, o GAAS ainda precisa disputar com um cenário já amplamente conhecido e estruturado que é a agricultura convencional. Enquanto esta tem a estrutura de oferta de insumos, de ensino formal e profissionais de prontidão, nós estamos começando a alicerçar as condições básicas para que o agricultor, de todas as regiões do Brasil, possa praticar uma nova agricultura de forma sistemática”, enfatizou.
Eduardo lembra ainda que o GAAS não condena os agricultores que ainda não fizeram a transição, pois o grupo adota uma postura sem preconceito e sectarismo a qualquer tipo de agricultura, acreditando que o produtor tem que agir de acordo com o que faz mais sentido para o seu contexto e segundo a oferta de insumos disponíveis. Entretanto, é responsabilidade da instituição auxiliar os associados a melhorar seu ambiente de produção, encontrando os caminhos possíveis para a prática de soluções sustentáveis, que, por extensão, resultam na melhora da qualidade biológica, química e física do solo e no aumento da produtividade.
Parceria ABREFEN-GAAS e os novos rumos para a agricultura brasileira
O Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) é o novo parceiro da ABREFEN. O presidente do GAAS, Eduardo Martins e da ABREFEN, Frederico Bernardez, explicam como, juntas, as instituições podem trazer ganhos para a agricultura sustentável brasileira.
Para Eduardo, a parceria ocorre com propósitos bastante claros de somar forças ao futuro da agricultura e facilitar a operacionalização de insumos minerais em um país cada vez mais sustentável e autônomo, tarefas que pressupõem um trabalho de grande fôlego. Reconhecendo o dever à frente das instituições, o presidente chama a atenção para o potencial que a ABREFEN tem para fortalecer as condições necessárias ao desenvolvimento da agricultura mais sustentável e autossuficiente que a entidade defende.
“Com as condições do solo brasileiro, tropical e altamente intemperizado, os REM e FN se complementam com o conjunto de outras práticas que apoiamos, que têm como base a utilização dos minerais e insumos biológicos. Esses materiais, quando em contato com o solo, induzem uma reorganização da comunidade biológica oferecendo micro-organismos funcionais para as culturas utilizadas pelos agricultores”, explica o presidente.
Para ele, a aliança também é frutífera para a resolução de demandas do setor de forma mais célere e eficiente. O presidente elenca quais são os próximos passos desse trabalho em conjunto:
- 1 Identificar as carências, incentivar a produção mineral e a oferta dos insumos em todas as regiões em que haja demanda agrícola, casando a lei da oferta e consumo;
- 2 Aprimorar a comunicação em relação às dúvidas dos agricultores associados ao GAAS, facilitando a compreensão sobre o funcionamento dos minerais e suas vantagens, o que envolve, também, um trabalho de pesquisa que vai da geologia básica à natureza econômica;
- 3 Fazer a extensão desse conhecimento para os testes agronômicos, identificando, por exemplo, a responsividade dos REM e FN às diferentes condições e tipos de solo e como complementam outras práticas;
- 4 Fomentar obtenção de registros;
- 5 Criar e desenvolver políticas públicas junto aos órgãos competentes para o incentivo e apoio da produção, geração de demanda e conhecimento a respeito dos insumos sustentáveis, principalmente no esforço de buscar a facilitação de linhas de financiamento a diferentes regiões do Brasil na oferta de REM e FN;
- 6 Integrar os pesquisadores e produtores na avaliação dos insumos ofertados que permitam estabelecer recomendações precisas e seguras desses manejos agrícolas.
Boa parte dos agricultores associados ao GAAS já colhe os resultados positivos da adoção dos REM e FN, na prática em suas lavouras, confirmando o que vem sendo demonstrado desde a década de 50 em grande acervo científico já produzido a respeito dos benefícios desses insumos na agricultura.
Para a ABREFEN, portanto, a aceitação do GAAS em ser parceiro dessa Associação significa o reconhecimento, na prática, da importância que os REM e FN têm para a agricultura brasileira. A ABREFEN trabalha para que o agronegócio seja, no futuro, mais democrático, regional, adaptado ao clima tropical e acima de tudo mais sustentável. Mas para que isso aconteça muita energia precisa ser despendida e parcerias como esta com o GAAS são fundamentais para o sucesso nessa “caminhada”.
Frederico Bernardez, presidente da ABREFEN, sinalizou que poder se unir ao GAAS nessa parceria que tanto promete ao setor traz mais forças para a realização dos propósitos da Associação. Ele declara o comprometimento da ABREFEN em trabalhar incansavelmente pelos objetivos em comum e acredita que, juntas, as entidades podem alçar voos mais altos no que tange o avanço da agricultura sustentável brasileira.
“Grande é a sinergia entre ABREFEN e GAAS, ambas alinhadas ao Plano Nacional de Fertilizantes, na redução massiva da dependência de fertilizantes importados e na maior e melhor produtividade nacional. Um importante foco dessa parceria é articular informações mais profundas sobre os insumos sustentáveis e boas práticas agrícolas, visando a redução da desinformação entre a comunidade. Estamos muito interessados no desenvolvimento de pesquisas sobre resultados agronômicos, sequestro de carbono e demais tecnologias agregadas ao uso dos REM em associação com bioinsumos e matéria orgânica. Nosso objetivo é fazer com que a agricultura sustentável esteja cada vez mais respaldada cientificamente e ao alcance de todos os agentes envolvidos com a agricultura brasileira”, finalizou.
Fique por dentro das ações da instituição em: gaasbrasil.com.br