Série Personalidades
A história de Seu Meco, como é conhecido o agricultor Binomino da Costa Lima é uma mistura de amor à terra, curiosidade científica e inovação. Nascido em 10 de julho de 1930, na Fazenda em Jataí, Goiás, Seu Meco cresceu em meio à vida rural, dedicando-se à criação de gado e à administração de diversas propriedades. Com o tempo e experiência na agricultura, passou a questionar por que algumas terras eram mais férteis que outras, o que o levou a mergulhar nos estudos de geologia e botânica.
Observando a geologia das terras que possuía, Seu Meco percebeu que as fazendas com presença de basalto apresentavam solos mais férteis. Ele também notou que a presença de certas espécies vegetais, como a peroba rosa e o bacuri, indicavam áreas de solo excepcionalmente rico. Essas observações o levaram a estudar mais profundamente as formações geológicas da região, especialmente em relação à ocupação indígena e ao uso sustentável das terras.
Essas pesquisas levaram Seu Meco a várias descobertas, entre elas que os povos indígenas que habitaram a região há cerca de cinco mil anos, após evoluírem de caçadores-coletores para agricultores, desenvolveram práticas agrícolas que preservavam a fertilidade do solo por longos períodos. Eles cultivavam roças temporárias, que eram abandonadas e substituídas por novas áreas de cultivo, permitindo que a vegetação nativa se regenerasse. Esse ciclo ajudava a manter a saúde do solo e a biodiversidade local, práticas que Seu Meco passou a valorizar e incorporar em suas atividades.
O Pioneirismo no uso de Remineralizadores de Solo
Nos anos seguintes, Seu Meco passou a estudar mais profundamente o pó de rocha como alternativa ao adubo químico tradicional. Inicialmente, ele extraiu pequenas quantidades de pó de basalto em britadores, utilizando-o em experimentos com hortaliças e plantios de bananeiras, obtendo resultados promissores. A oportunidade de expandir esses experimentos veio quando uma indústria de calcário próxima à sua fazenda iniciou a produção de pó de rocha de diabásio. Com o apoio de um grupo de pesquisadores, Seu Meco plantou 25 hectares de soja, comparando o desempenho do pó de rocha com o adubo químico convencional.
No primeiro ano após o plantio houve pequenos resultados, mas um em especial chamou atenção, a região sofreu com fortes ventos em época próxima à colheita e, enquanto as lavouras tratadas com adubo químico sofreram com quedas de plantas, as áreas tratadas com pó de rocha permaneceram intactas, com as plantas demonstrando maior resistência e vigor.
Na mesma época, aproveitando um excesso de insumo disponível, Seu Meco plantou milho no pó de rocha puro e o resultado foi surpreendente: “nasceram, cresceram bem viçosos e deram belas espigas”, relata o agricultor.
No segundo ano, a lavoura tratada com pó de rocha resistiu a uma seca prolongada o onde boa parte do milharal foi danificado. “Verificando a causa da resistência, descobrimos que as raízes do nosso milho eram muito mais profundas do que a com adubo”, conta Seu Meco.
Outros experimentos foram feitos na mesma época, com soja e capim, em diferentes formações geológicas, inclusive em solos muito arenosos e todos tiveram resultados positivos. Apesar dos resultados promissores, inicialmente Seu Meco encontrou dificuldades para difundir o uso dos remineralizadores. As barreiras incluíam a dificuldade em montar usinas de moagem, os altos custos de transporte e a resistência dos agricultores à mudança de práticas tradicionais. No entanto, a persistência de Seu Meco e seus colaboradores começou a dar frutos e o interesse cresceu lentamente.
“A primeira reunião que fizemos para falar em pó de rocha reuniu seis pessoas, na segunda foram 15, na terceira 53 interessados. Há quatro anos fizemos uma reunião em Mineiros, Sudoeste Goiano, com o intuito de apresentar vários produtores que já usavam Remineralizadores de Solo em suas lavouras, para contar suas histórias. A reunião foi numa dependência que cabia mil pessoas, e vários tiveram que ficar em pé”, lembra Seu Meco. Essa reunião contou com participantes de outros estados, incluindo Roraima e representantes de dois países sul-americanos.
Hoje, a visão pioneira de Seu Meco continua a inspirar agricultores e pesquisadores, provando que a combinação de conhecimento tradicional e inovação tecnológica pode transformar a agricultura e promover a sustentabilidade no campo. Com o apoio de agrônomos como Antônio Alexandre Bisão, seu parceiro de longa data, o uso Remineralizadores de Solo está sendo ampliado, abrindo caminho para um futuro mais sustentável na agricultura brasileira.
Homenagem
No dia 1º de outubro, a Universidade Federal de Jataí (UFJ) entregou ao Seu Meco o título de Doutor honoris causa por sua trajetória e “significativa contribuição para a ciência e o desenvolvimento da região sudoeste do estado de Goiás”. É a primeira vez que a instituição concede o título a uma personalidade. “O título de Doutor Honoris Causa é a maior honraria acadêmica concedida pela UFJ e a escolha de Seu Meco para inaugurar essa tradição reflete a profunda admiração e respeito que a comunidade acadêmica tem por sua trajetória”, divulgou a Universidade.