REM, FN e agricultura regenerativa: combinação que deu certo nas culturas de soja e milho em Maracaju

Martin Simeon Wanser, 59, nasceu no Rio Grande do Sul. Produtor rural, arrendatário e pecuarista, ele vem de uma família de pequenos agricultores e atua no setor de commodities agrícolas no município de Maracajú, o mais rico do agronegócio no Mato Grosso do Sul, segundo o MAPA.

Com mais de 30 anos de trabalho no campo, Martin foi desenvolvendo técnicas e descartando práticas que não eram eficientes. Ele conta que usou insumos industriais durante muito tempo e, muitas vezes, adicionando porcentagens excessivas sem se dar conta que somente a quantidade de nutrientes no solo não era o bastante para a ótima produção de suas culturas. Em conversa com outros agricultores da região e com o suporte do Grupo de Agricultores Sustentáveis (GAAS), o agricultor foi aprofundando seus conhecimentos em manejo agrícola e resolveu adotar processos mais sustentáveis de produção. Introduziu no manejo Remineralizadores de Solo e os Fertilizantes Naturais, que em conjunto com outras práticas, favoreceram a bioativação do solo.

Agricultura Regenerativa

Martin conta que entendia a agricultura enquanto um depósito de nutrientes, mas a partir do momento em que começou a estudar mais profundamente a biologia e a vida no solo, ficou claro, para ele, a existência de muitos elementos que deveriam ser observados. Assim, o agricultor passou a se debruçar de maneira mais aprofundada às necessidades de suas culturas. A administração correta dos insumos solúveis era uma dificuldade que tinha em seu manejo, pois, além do preço alto, qualquer quantidade em excesso poderia ser agressiva aos microrganismos e prejudicar a vida no solo. Somado a isso, Martin percebeu que precisava investir em insumos que acrescentassem maior resistência às plantas e qualidade aos grãos, reduzindo o risco frente as oscilações do clima que poderiam arruinar as plantações.

Sobre essa mudança de visão, Martin explica: “A agricultura, via de regra, trabalha com o volume. Antes, eu acreditava que quanto mais nutrientes eu usasse, melhor seria o meu rendimento, afinal, toda a estrutura de conhecimento em agronomia está pautada nesse entendimento e no uso dos fertilizantes químicos. Na verdade, excesso na agricultura não resolve nada. O agricultor deve entender quais são os nutrientes que as suas plantações necessitam e usá-los em quantidades equilibradas”, pontuou.

Há quatro anos, Martin começou a praticar a agricultura regenerativa em suas produções de soja e milho. Ele conta que inicialmente preparou o ambiente do solo, de forma a gerar um equilíbrio propício para a proliferação de microrganismos. Com o tempo, o agricultor introduziu os Fertilizantes Naturais e os Remineralizadores de Solo, associados a outros minerais como o fósforo reativo e o fertilizante potássico, aumentando os níveis de matéria orgânica em até 4,5% nas suas lavouras. À medida que percebeu melhores resultados nas plantações com mais altos níveis de matéria orgânica, Martin reduziu consideravelmente o uso de fertilizantes químicos para 30% do que usava antes e gerando o mesmo resultado.

Entretanto, a adoção de práticas sustentáveis aconteceu aos poucos e foram necessários muitos anos de aprendizado e testes, de forma que a assistência técnica de agrônomos, aliada aos encontros anuais do GAAS foram imprescindíveis para a troca de conhecimento e inspiração.

Nesse sentido, Martin considera que seu maior aprendizado foi a melhor escolha dos nutrientes, que passou a considerar uma espécie de prévio diagnóstico químico e biológico do solo. Ou seja, o produtor deve fazer uma análise georreferenciada buscando identificar quais são as deficiências e encontrar as melhores formas de supri-las. Além disso, também é necessário a reanálise anualmente para compreender quais medidas estão sendo efetivas e as que não estejam gerando resultados.

Além do conhecimento técnico do solo, é igualmente importante que o agricultor acredite nos resultados de suas pesquisas no manejo da produção, compreendendo que o solo deve ser construído gradualmente, com investimento, conhecimento e paciência. Para Martín, todo agricultor pode se beneficiar da adoção de práticas regenerativas na agricultura.

“Melhorando a matéria orgânica do solo, esse se torna mais produtivo, fazendo com que o uso de fertilizantes químicos, inseticidas e herbicidas seja reduzido ao essencial. Além disso, a qualidade dos alimentos e a riqueza nutricional é favorecida. Investir em agricultura sustentável é benéfico, mas é preciso entender que essa transição pode levar um tempo, para o agricultor entender as necessidades do solo e do sistema de se recompor”, salienta.

Martin Simeon e família.

Pecuária Sustentável

Para o agricultor, existe uma janela no que se refere à sustentabilidade a ser trabalhada na pecuária brasileira. Sua grande ambição é conseguir integrar o manejo da agricultura à pecuária, de modo que uma possa auxiliar no desenvolvimento da outra reduzindo os prejuízos ao meio ambiente. Entretanto, Martín conta que, no momento, esse é um dos importantes desafios em suas fazendas, motivo pelo qual ele tem investido bastante em conhecimento.

Embora exista um longo caminho a ser percorrido, o agricultor se sente realizado com os avanços que conseguiu trazer para o seu manejo em Maracajú, certo de que a prática da agricultura regenerativa foi fundamental para os ganhos em produtividade e qualidade do grão, que hoje podem ser visualizados pelo aumento da densidade e resistência de suas culturas de soja e milho.