Os REM e sua contribuição sustentável para a produção de soja

Rogério Vian nasceu em Barra do Garças, Mato Grosso e se mudou ainda criança com os pais para Mineiros, no estado de Goiás, onde vive há 40 anos. Filho de agricultores, o produtor rural começou a desenvolver interesse por agricultura ainda na infância, com a produção de arroz da família, por meio de uma técnica muito comum chamanda calagem, que consiste na adição de calcário para adubação, com objetivo de melhorar o solo ácido e assim viabilizar o cultivo de outros alimentos. A partir de então, a produção da família migrou para o cultivo da soja, produto mais rentável para o mercado.

Sempre interessado na produção familiar, Rogério fez Colégio Agrícola em Rio Verde/GO e hoje atua no Instituto Federal, onde começou a ter maior contato com a lavoura. Em 1999 formou-se em Agronomia e iniciou sua jornada, direta com a produção de soja, ao mesmo tempo em que tentava convencer os pais a utilizarem técnicas mais modernas que beneficiariam o cultivo. “No início foi bem complicado porque meu pai tinha um modelo de trabalho mais antigo, um sistema mais convencional e naquela época ainda estávamos migrando para o plantio direto”, explica Vian.

Em 2006, quando assumiu os negócios da família, começou a migrar para uma agricultura mais sustentável, substituindo o uso do Cloreto de Potássio para o uso do Yoorin (fosfato natural de alta eficiência agronômica). “O que nos fez mudar a forma de manejo foi o fato de estarmos no entorno do Parque Nacional das Emas, que é um Patrimônio Mundial Natural e não poderíamos mais plantar transgênicos em 500 a 800 metros do parque após a Lei de Biossegurança”, completou.

Remineralizadores

No início de 2010, Rogério Vian teve os primeiros contatos com remineralizadores de solo durante um “dia de campo” promovido pela EMBRAPA, o que despertou o interesse em utilizar os insumos para o desenvolvimento de sua produção agrícola. “Fiquei muito interessado, já fazíamos algumas pesquisas na Associação dos Produtores de Grãos de Mineiros, eu fiquei um ano acompanhando os experimentos que eles faziam com soja e milho de safrinha e, assim, vi os bons resultados que eles obtiveram, então, na safra de 2011 e 2012, iniciei o uso dos remineralizadores na minha área”.

Segundo Rogério, “os remineralizadores, dependendo das características da rocha, são utilizados para desempenhar diferentes funções no manejo sustentável. Como fonte de nutrientes permitem diminuir a dependência dos solúveis, tanto para macro, como micronutrientes. Também funcionam para condicionar o solo, na redução de acidez e também na oferta de superfície reativa”. Ele entende que o uso de remineralizadores também melhora o desenvolvimento das raízes, além de aumentar, na maioria dos casos, a disponibilidade de silício, o que aprimora muito a resistência às pragas e doenças. O uso dos remineralizadores também aumentou a tolerância à seca, segundo Vian. “Na maioria das situações os níveis de produtividade vêm sendo mantidos, e em alguns casos tem aumentado”, explica.

Para Vian, além de ser um insumo benéfico e sustentável, o custo quanto à utilização dos REM para a produção de soja, por exemplo, é muito mais vantajoso quando comparado aos gastos com pesticidas ou químicos, “Os custos variam bastante, seja do lado dos fertilizantes convencionais, devido às últimas crises, como também dos remineralizadores. Em geral, a redução é de 30 a 50%. Além da redução no custo é relevante (com os REM) o que fica no solo depois da safra, residual de nutrientes e minerais secundários que melhoram a qualidade do solo”. A utilização se destaca, na opinião de Vian, para todas as formas e cultivos agrícolas, até mesmo em safras anuais que precisam de ciclos mais curtos para se desenvolverem, “A remineralização não é aplicada de forma isolada, sempre vem junto com plantas de cobertura e biológicos. Nas plantas, nossa experiência indica mais sanidade e melhor condição geral das plantas”, completou o agrônomo e produtor rural.

Um manejo de agricultura sustentável é aquele que é eficiente e duradouro. Quando se fala em sustentabilidade leva-se em consideração os aspectos ambientais, sociais e econômicos que vão além de atender somente a demanda, o cuidado com o meio ambiente tambem faz parte. Para Rogério Vian, “o manejo da agricultura sustentável depende de um tripé de práticas: remineralizadores, mix de coberturas e biológicos. Examinando o conjunto podemos afirmar que focamos no aumento e funcionamento da biodiversidade como parceira do produtor. Essa outra forma de produzir tem grande sentido para o Brasil, significa assumir nossa condição tropical, usar recursos acessíveis e fazer valer nosso capital humano. Seja pelas dimensões ou pelo potencial de produção primária, nós seremos imbatíveis na sustentabilidade e competitividade no sistema global de alimentação”.